Más condições das instalações elétricas residenciais ainda são a principal causa de acidentes fatais com eletricidade

Em 2016, foram 599 as mortes decorrentes de acidentes com eletricidade. Dessas, 171 estão relacionadas a acidentes domésticos que poderiam ser evitados com a adequação das instalações elétricas nas moradias, ainda carentes de medidas de proteção e dispositivos que garantam a segurança das pessoas e do patrimônio. Uma pesquisa conduzida pelo Procobre – Instituto Brasileiro do Cobre – e pela Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade revela que somente 29% das residências brasileiras possuem projeto elétrico – 25% deles elaborados por eletricistas -, 52% dos imóveis possuem fio terra instalado e apenas 27% das moradias possuem DR, um dispositivo de proteção que, ao interromper a fuga de corrente, reduz o risco das consequências de um choque elétrico.

“O cenário é bastante preocupante e mostra a necessidade de readequação das instalações elétricas, principalmente dos imóveis com idade média de 20 anos de construção”, diz Antonio Maschietto, diretor-adjunto do Procobre. O “Raio-X das Instalações Elétricas”, nome dado à pesquisa, aponta que 60 % das moradias com esse tempo de construção nunca passaram por nenhum tipo de reforma para atualização das instalações elétricas.

De acordo com a pesquisa, apenas 35 % dos imóveis adotam o padrão de tomada de três polos, vigente no Brasil. O levantamento também revela que metade dos quadros elétricos não possui qualquer identificação de componentes do circuito. “Identificamos que em 37 % das moradias o quadro de distribuição elétrica sequer oferece a proteção contra choques elétricos por contato direto. A falta dessa proteção expõe ao risco de choque elétrico qualquer pessoa que toque inadvertidamente em partes energizadas no interior do quadro de distribuição, especialmente aquelas que têm pouco conhecimento sobre eletricidade”, afirma Maschietto.

Um dado curioso está relacionado ao uso de benjamins, extensões e T’s, utilizados por 57 % das famílias pesquisadas. Nesse caso, a idade de construção do imóvel mostrou pouca relação com o uso expressivo dos componentes. Quando perguntados se gostariam de possuir mais tomadas nas residências, os moradores de 46% dos imóveis com mais de 20 anos de construção responderam que sim, ao passo que 41 % dos que residem em imóveis mais novos, com cinco anos de construção, apontaram a mesma necessidade. “O déficit de tomadas nas residências é alarmante e demonstra que o dimensionamento das instalações elétricas está ultrapassado, não tendo acompanhado o aumento no uso de equipamentos eletroeletrônicos”, diz Maschietto. Segundo os moradores, os cômodos que mais precisam de tomadas são, respectivamente, quarto (33%), sala (30%), cozinha (22%) e área de serviço (15%).

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Percepção da segurança elétrica do imóvel
Quando perguntados sobre a sensação de segurança ao utilizar as instalações elétricas da residência, 34 % dos moradores disseram não se sentirem seguros em casa. Desses, 19 % afirmaram já terem levado pelo menos um choque elétrico. “As pessoas sabem, muitas vezes, que as condições das instalações elétricas na moradia não são adequadas, mas existe uma incredulidade de que vão levar choque e de que um acidente com eletricidade pode oferecer risco de morte”, destaca Maschietto. A partir de 50 volts o corpo humano já sente os efeitos de uma descarga elétrica. Um choque elétrico acima desse valor pode ser fatal, dependendo do caminho que ele percorra pelo corpo e a sua duração.

Outro fator de preocupação apontado pela pesquisa está relacionado à instalação dos chuveiros elétricos. Menos da metade dos chuveiros (43 %) está ligada ao fio terra e o conjunto plugue e tomada para ligação do chuveiro ainda é encontrado em 8 % dos imóveis. “Esse tipo de conexão pode originar mau contato, sobrecarga e incêndio e está vedado desde 2004, pela NBR 5410, norma brasileira de instalações elétricas”, esclarece Maschietto.

Idade do imóvel X tipo de construção
O tempo de construção do imóvel mostrou relação direta ao maior risco do patrimônio a incêndios e dos moradores à exposição de choques elétricos. Outro fator de agravamento de risco identificado na pesquisa refere-se ao tipo da obra, se realizada por construtoras – mais propensas ao cumprimento das regulamentações vigentes – ou resultado da autoconstrução, tipo de obra predominante no Brasil.

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Acidentes de origem elétrica
Segundo a Abracopel, os acidentes com origem elétrica vêm em uma escalada ascendente desde 2013, quando foi iniciada a pesquisa. Naquele ano, foram registrados 1038 eventos. Em 2014, 1223, em 2015, 1248 e em 2016 foram 1319 os acidentes, acréscimo de 5,7 % frente aos eventos registrados em 2015.

Ano passado, o número de mortes (599) apresentou ligeiro aumento em relação ao ano anterior (1,5 %), com nove vítimas a mais que 2015. O número de incêndios (215), por sua vez, mostrou aumento alarmante, de quase 75 %, se comparado aos 123 registros de 2015.

A amostra
O levantamento estatístico sobre a situação das instalações elétricas residenciais brasileiras foi realizado de agosto a outubro de 2016, em 999 domicílios, pelo Instituto de Pesquisa Qualibest. A margem de confiança da amostra é de 95 %.

Recomendações de segurança – Divulgue para seus clientes, pessoas físicas e jurídicas
Entre as principais medidas de segurança para evitar a exposição do patrimônio ao risco de incêndio e do morador a acidentes domésticos com eletricidade, estão:

  • Fazer a manutenção periódica das instalações elétricas e redimensioná-las e/ou renová-las sempre que preciso (sugere-se a revisão a cada 10 anos);
  • Instalar o fio terra e os DRs (dispositivos diferenciais residuais);
  • Usar protetores de tomadas sempre que estiverem fora de uso para evitar a exposição de crianças pequenas ao risco de contato com a eletricidade;
  • Quando possível, substituir as tomadas de dois pinos (antigas) por tomadas do novo padrão com três pinos;
  • Desligar o disjuntor no quadro de distribuição, antes de qualquer serviço que envolva o contato com a eletricidade em casa;
  • Evitar o uso de eletrodomésticos e/ou eletroeletrônicos em locais úmidos;
  • Sempre desligar o chuveiro antes de trocar a chave da temperatura;
  • Não fazer uso de eletrodomésticos e/ou eletroeletrônicos conectados à tomada durante tempestades e vendavais.
  • Evitar o uso permanente de benjamins, extensões e T’s, preferindo a instalação de novas tomadas.
  • Chamar sempre um profissional qualificado, que entenda os perigos e riscos da eletricidade, para realizar serviços no imóvel.

O Procobre oferece uma experiência de navegação interativa para uma rápida avaliação das instalações elétricas domésticas. Ao visitar os cômodos de uma casa virtual e clicar nos ícones, o visitante do site http://programacasasegura.org/ tem acesso a dicas de segurança e pode conscientizar-se sobre como prevenir acidentes com eletricidade no ambiente domiciliar.

O Uso do Dispositivo DR Pode Salvar Suas Crianças

Fio desencapado na boca, dedinho na tomada ou na geladeira: todas estas condições não causariam nenhuma morte caso os brasileiros cumprissem uma norma que torna obrigatório o uso de um aparelho chamado Dispositivo Diferencial Residual (DR).

Pequeno e quase imperceptível aos olhos dos leigos, o DR é nada mais que um protetor de vidas, utilizado nas instalações, que evita que a corrente elétrica cause um dano na pessoa que tocar a eletricidade.

O DR protege contra choques elétricos e apesar de ser de uso obrigatório desde 1997 (NBR 5410), sua exigência não é seguida na maioria das residências, principalmente em construções antigas que não foram modernizadas.

Com o DR 100% dos acidentes com eletricidade são evitáveis. “O dispositivo reconhece que por determinada fiação está vazando um percentual de corrente elétrica diferente do habitual, como no caso de uma criança colocando uma chave na tomada. Assim, o DR desarma os circuitos que estão ligados a ele interrompendo o choque elétrico”, explica o Engenheiro Eletricista Fábio Amaral, diretor da Engerey Painéis Elétricos.

Segundo registros da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), entre as principais vitimas de acidentes com eletricidade estão as crianças, com idade entre 0 e 5 anos. Somente em 2015, foram 32 mortes no país, 50% a mais que em 2014, ano que registrou 20 mortes. Entre as principais causas estão justamente as tomadas sem proteção, os fios desencapados, extensões, e a fuga de corrente em eletrodomésticos (ventiladores, geladeiras e máquinas de lavar).

O Engenheiro Eletricista explica que a inclusão do DR é realizada no quadro de disjuntores da residência. É importante contratar uma empresa especializada para a fabricação e montagem do painel elétrico e um profissional habilitado para a sua instalação. “A inclusão é simples e rápida e garante maior segurança às famílias”, afirma.

Segundo Amaral é importante lembrar que o DR também protege as residências contra incêndios, que são ocasionados na maioria dos casos por curtos circuitos.

A NBR 5410, que determina o uso de DR, estará sendo debatida no Circuito Nacional do Setor Elétrico (CINASE 2016), na tentativa de esclarecer as determinações da regulamentação e elevar a conscientização a cerca do tema. O evento acontece em Curitiba (PR) dias 13 e 14 de Outubro.